Sunday, March 28, 2010

"A América para os Americanos"

Eu nunca tinha ouvido falar do continente da América, antes de ler as opiniões de latino-americanos na internet indignados sobre a nossa suposta apropriação do nome "América" para nós mesmos.

Para explicar a razão deste mal-entendido, há de levar em conta que não existe um consenso mundial sobre o que constitui um continente. Não há uma reposta definitiva à pergunta "Quantos continentes existem no mundo?"; tudo depende do ponto de vista. Para nós, há sete continentes no mundo (sim SETE, e não cinco ou seis) e nenhum deles chama-se "América". Vejam só:



Este é o modelo do mundo ensinado nos EUA, assim como em Europa ocidental, China, Índia, Canada, Nova Zelândia, Austrália, etc. Notem-se que neste modelo do mundo, "América" não existe, e América do Norte e América do Sul são continentes separados, que não têm nada a ver um com o outro. O conceito de um continente grande chamado "América" é arcaico, e data dos tempos coloniais, embora ainda ensinado no Brasil e alguns outros países.

Outra coisa que há de levar em conta: caso vocês não saibam, nós não falamos a mesma língua, então é natural que existam diferenças semânticas entre duas línguas. Qual é o problema com isso? Obviamente, a palavra "América"(port), e a palavra "America"(inglês), embora parecidas, não têm o mesmo significado; são falsos cognados assim como colégio/college, e atual/actual.

Os EUA se intitulam a América e seu povo os americanos, porém isto não está correto:
a América é um continente e não um país, e americanos são todos os habitantes deste continente.

O que os EUA fez, foi se apoderar do nome América, numa alusão de que todo o Continente lhe pertence, isso se baseou na doutrina de "A América para os Americanos". Segundo esse pensamento, se apenas estadunidenses são americanos, logo os outros povos do continente, que por sinal leva o nome de AMÉRICA, vivem sob a égide dos Americanos.

Ao proferir a célebre frase “a América para os americanos”, o Presidente dos Estados Unidos James Monroe estava assim reivindicando para o capital estadunidense as antigas possessões coloniais européias no continente, da Patagônia ao Estreito de Bering.

O uso abusivo do nome Estados Unidos da “América” e do epíteto de “americanos” para seus habitantes fornece o campo de ambigüidade semântica onde o projeto imperialista encontra legitimidade conceitual. “A América para os americanos” é a América para os Estados Unidos, já que eles mesmos se denominam Estados Unidos da América. Todo habitante dos Estados Unidos é americano, mas nem todo americano é habitante dos Estados Unidos. O uso abusivo do termo “americano” escamoteia essa distinção fundamental. Os americanos que não são habitantes dos Estados Unidos são pseudo-americanos, semi-americanos, americanos “de segunda classe”.Nega-se assim a nós todos americanos, brasileiros inclusive, o direito de usarmos o nome de americanos. “Americanos” são só eles, os estadunidenses.


...mais uma teoria de conspiração brasileira sobre os EUA.

1)O continente Americano só existe para vocês. Isto é apenas a sua visão do mundo, e não um fato universal. O que é "correto" para vocês, não é para outros.

2) Não existe nenhuma doutrina assim. O James Monroe nunca disse nada parecido. Esta "célebre frase" atribuída ao James Monroe é uma invenção brasileira. Se não me acreditem, aprendam inglês, e leiam a Doutrina Monroe para vocês mesmos. A idéia que o James Monroe reivindicou todo país no hemisfério oeste para os estados unidos é totalmente falso.

3) Não há palavras universais; tem palavras inglesas, e palavras portuguesas. Os EUA não se apoderaram da língua portuguesa. A maneira que nós usamos a palavra "America" não tem que concordar com a maneira que vocês usam "América". Enquanto vocês estiverem falando a sua língua, chamam-se do que bem quiserem. Se querem ser americanos, que assim seja.

11 comments:

Anonymous said...

"Basically, the doctrine warned the European powers “to leave America for the Americans.”

- Monroe Doctrine, according to wikipedia.
Here: http://en.wikipedia.org/wiki/Monroe_Doctrine
And here: http://query.nytimes.com/gst/abstract.html?res=9D0CE5DD153DE63ABC4F53DFB766838D679FDE

Tritone said...

Hi bambooska!

And who said that? I checked all sources. There's nothing.

James Monroe never once said the words "america for the americans", its nowhere in the Monroe doctrine.

The quote is a recent interpretation of the doctrine invented by angry leftist anti-U.S.A latin americans.

Thanks for commenting!

Prof. Rodrigo Kelly said...

Olá!
Embora você tenha feito um apanhado sobre o assunto, acredito haver alguns erros estruturais em sua análise.
Em primeiro lugar, o mapa que foi usado nem mesmo apresenta a América Central, colocando-a junto à América do Norte.
Você disse que não achou em nenhum lugar a frase América para os americanos como fazendo parte da doutrina, mas no primeiro artigo que encontrei na internet, no Wikipédia, aparece menção em inglês a frase. Aliás, esse é um dos poucos artigos da Wikipédia que apresenta boa qualidade e padrão científico de publicação, com vasta fonte de consulta.
A frase, com toda certeza, não está registrada nas leis que comporam a doutrina, mas sim, foi p-roferida em pronunciamento à nação e aos governantes europeus. Não faz parte do corpo da lei.
A questão é que os EUA como uma potência em ascensão através de seus governantes deveria assumir o papel de principal pólo de poder do continente, tendo todas as Américas (do Sul, Central e do Norte) sob sua influência. Algo comum na política internacional, assim como China e Japão disputam influência na Bacia do Pacífico.
Na verdade, a Doutrina Monroe surgiu como forma de deixar claro aos europeus colonizadores que os EUA eram uma terra livre! O Colonialismo já acabou! Deixem que nós governemos a nós próprios. Essa era a mensagem.

Já continente, embora seja um conceito frouxo, possui como ponto comum entre todos as ciências, que é uma grande extensão de terras emersas banhadas por mares e oceanos. A questão apenas é a dimensão que deve ser considerada para se diferenciar um continente de uma ilha, pois poderíamos considerar a Austrália o menor dos continentes porém a maior das ilhas(7.600.000 Km²). Não muda muito de uma conceituação pra outra. E nunca ouvi falar do mundo com apenas cinco continentes!

Bem, quanto à regionalização, não sei de onde você tirou essa ideia de que não existe o continente americano!! A questão reside simplesmente no fato de que o continente é subdividido em três partes, só importando essa diferença de regionalização dependendo da forma como você quer estudar o espaço geográfico. Afinal, você mostrou apenas um mapa. Existem várias representações do globo que servem para diferentes estudos e interesses. Para tanto, recomendo que você procure saber sobre as projeções de Peters e Mercator e ver suas diferenças e motivos para tanto.
Você disse também que um continente não tem nada a ver com o outro. Isso está errado também! Se você observar as estruturas geológicas do grande continente americano vai perceber que na porção norte, central e sul, possuímos cordilheiras a oeste, planaltos no centro, maciços desgastados no leste e planícies costeiras em ambos os lados. Existem sim uma unidade que podemos utilizar para considerar um grande continente.

Prof. Rodrigo Kelly said...
This comment has been removed by the author.
Prof. Rodrigo Kelly said...
This comment has been removed by the author.
Prof. Rodrigo Kelly said...
This comment has been removed by the author.
Prof. Rodrigo Kelly said...
This comment has been removed by the author.
Prof. Rodrigo Kelly said...
This comment has been removed by the author.
Prof. Rodrigo Kelly said...
This comment has been removed by the author.
Prof. Rodrigo Kelly said...

Outra coisa, a frase "America for the americans" não foi criada pelos brasileiros. Não sei de onde você tirou também essa informação.

Mais uma coisa, sou esquerdista mas não sou raivoso. Não odeio os EUA, pelo contrário, reconheço que é um dos países mais incríveis do mundo. Como geógrafo e professor de Geografia, tenho profunda admiração pelos aspectos naturais do país que é formidável, tanto na sua exuberância quanto na sua diversidade. Não odeio o povo estadunidense de maneira alguma. Existem pessoas incrívei em qualquer lugar do mundo, e como os EUA tem a terceira maior população do mundo, deve ter gente bacana aos milhões, assim como gente desprezível. Por sinal, dos estadunidenses mais bacanas que conheci estavam alguns turistas do Texas, estado que eu jamais esperaria me proporcionar pessoas tão inteligentes e educadas para conhecer. Nem todo esquerdista é raivoso e anti EUA. Guardo profundas críticas às políticas interna e externa dos EUA, mas aí o problema é com os governantes e empresários, não com o povo e o país. Aliás, é exatamente o povo e o país que mais sofrem com toda administração pública que privilegia banqueiros e industriais ao invés dos trabalhadores, pelo menos com a política interna. Já com a política externa os governos dos EUA provocaram muito sofrimento a diversos países, verdadeiro genocídios, mas até aí o Brasil também, como exemplo a Guerra do Paraguai.

Quanto a semiologia da palavra América, ela vem do nome de Américo Vespúcio e se tornou universal. Aqui no Brasil também nos referimos aos estadunidenses como americanos. Não há polêmica nisso. Outrossim, os estadunidenses se chamam de americanos pois quando da entrada de europeus no período da colonização o "novo continente" era a esperança de um futuro melhor, sem fome, miséria, de acesso à terra, do fim das perseguições religiosas e outros problemas que acometiam milhares de europeus. Daí esse povo, formado principalmente por imigrantes, já que os índios foram dizimados, associam-se a América e não aos Estados Unidos da América. A época ainda não existia a sub-regionalização em três Américas.

Espero que você receba com paciência minhas críticas, elas não são uma forma de entrar em combate contigo, mas sim uma preocupação em ver alguns conceitos equivocados, que provavelmente te passaram sem critério, e um convite a reflexão e futuros debates.
Também sou contra esquerdistas raivosos e burros que sentem medo e ira por um país tão maravilhoso quanto este, que trouxe coisas lindas como o Jazz e o Rokc'n'Roll para a minha vida (sou muito fã de The Doors)!!!

Singelo abraço.
Rodrigo Kelly

Anonymous said...

Você está errado.
Existe sim o Continente América, a América do Norte e do Sul estão naturalmente ligadas pela América Central.
O fato é que no Brasil, somos ensinado por este mesmo mapa que você mostrou(apesar de que pra gente, não existe o continente Australia, e sim o continente Oceania). A verdade é que a América do Norte e a América do Sul são dois SUBCONTINENTES da América, logo qualquer pessoa da América do Norte ou do Sul pode ser chamada de Americano.
Sabemos, que o sistema educacional Brasileiro é inferior ao dos Estados Unidos(apesar de que no Brasil, o número de preconceito e bully é muito inferior aos dos EUA), mas você está falando de um assunto que nem você mesmo tem completo conhecimento.
Agora, e se fosse verdade o que você disse?
Por que só as pessoas dos EUA podem carregar o nome de Americano, por que não os Canadenses ou os Mexicanos?
Mesmo assim, o continente dos EUA seria a América do Norte, como é hoje, e a do Brasil seria América do Sul.
Os dois continentes levam o nome ''América'' , logo as pessoas dos países desses continentes também poderiam ser chamadas claramente de Americanos.
Agora, se o nome dos EUA fosse somente América, e o nome dos continentes fosse diferente, aí sim seria valido o nome americano para pessoas nascidas nos Estados Unidos.